quarta-feira, 4 de agosto de 2010

às quartas feiras virava os truces do avesso.

às quartas-feiras trabalhava apenas até à hora de almoço. comia os restos da sopa do jantar de terça-feira, acompanhada de um naco de broa de milho caseira, e dormia a sesta até às três em ponto. vestia uns truces do avesso, amuleto da sorte usado desde que vestira uns truces do avesso e chegara atrasado ao autocarro que viria a despenhar-se num precipício e não sobrevivera passageiro algum, e rumava até à tasca do zé descalço a fim de investir uns trocos na lerpa. assim que passava a porta de entrada era presenteado com o peculiar aroma saído dos pés do zé, afamado atributo entre as tascas da região. cumprimentava o zé, que lhe servia um bagaço duplo, e tomava o seu lugar à mesa. saía sempre de bolsos vazios, mas voltava todas as quartas-feiras à tarde com os truces virados do avesso.

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